13 julho 2006

Eskobar - Eskobar

Antes de falarmos necessariamente sobre o álbum mais recente do grupo, cabe aqui um apanhado geral sobre "quem é Eskobar afinal".
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A história do Eskobar não é recente: começa em 1996, na cidade sueca de Åkersberga (a 30 Km de Estocolmo), quando três amigos com média de 23 anos, resolvem montar uma banda para tocarem pelos lados da capital. O primeiro trabalho em estúdio porém foi lançado apenas em 2000, depois que, tendo em mãos uma demo com três músicas, Daniel Bellqvist, Frederik Zäll e Robert Birming (voz, guitarra e bateria, respectivamente) assinam com a V2 Music.
A estréia 'Til We're Dead (de apenas 35 minutos), é melancólica, com a sonoridade girando em torno do que muitos chamam de "New Folk" (na escola de bandas como Mazzy Star, Cowboy Junkies e outras), com destaque para Good Day for Dying, de refrão grudento com letra interessante ("It's such a good day for dying / But still I've never been crying / So maybe I should be waiting / For god and me to be dating").

There's Only Now, segundo trabalho do grupo, é lançado em outubro de 2001, e representa um redirecionamento em termos de som: sai o "New Folk", fica o pop, e ponto.
Melodias gélidas, refrões pegajosos, bateria eletrônica, teclados e o vocal maduro de Daniel Bellqvist (que muitas vezes beira a androgenia, como em On The Ground, por exemplo).

Dizem que o terceiro disco é o que vale na discografia de um grupo, o que mostra se há ali criatividade suficiente para render mais alguns anos de estrada. Talvez pensando nisso, A Thousand Chances, de 2004, funciona como uma espécie de releitura de tudo que o Eskobar já havia feito até então, uma "análise" dos álbuns anteriores. Está tudo ali: melodias doces e tristes, vocais apurados, referências folk, teclados, steel guitar, batidas eletrônicas etc.



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Após dois anos sem gravar, o trio põe nas ruas Eskobar. Entre as muitas razões que podem levar um grupo a batizar um álbum com o nome da própria banda (ou simplesmente não batizá-lo, o que, no fim das contas, dá no mesmo), dois são os mais comuns: falta de criatividade ("Ah! Sei lá... deixa sem nome mesmo!") e a "assinatura" ("Esse disco tem a NOSSA cara! Somos isso!"). E é no segundo ítem que se encaixa o quarto trabalho dos suecos.
Mesmo contendo os elementos que caracterizaram os discos anteriores (tendendo um pouco mais para o lado mais melancólico, abrindo mão de canções mais "pulsantes"), infelizmente, Eskobar não é empolgante. Embora seja um bom álbum (melhor do que muita coisa que faz sucesso por aí, tenha certeza disso), acaba sufocado pelo brilho dos que o antecederam. Perto de There's Only Now, por exemplo, Eskobar não é mais do que um copo d'água com açúcar.

Os primeiros minutos desse pequeno disco (que tem cerca de 37 minutos de duração) não dizem a que vieram. The Art Of Letting Go e By Your Side estão sonoramente bem próximas ao primeiro álbum da banda. São canções contidas, com melodias tristes, steel guitar (no caso da primeira) e violão (na segunda) que, apesar de bonitas, deixam aquela sensação de "Tá! Mas e daí? É SÓ isso?!".

Persona Gone Missing vem na seqüência, e, com a simplicidade de sua letra (dos primeiros versos "Here’s a story of a man who thought he was the only one with brains / And for a long long time he had me fooled and i believed that was actually the case") e seu refrão pegajoso ("What used to be is just no where, no where to be found"), é capaz de lhe fazer abrir um sorriso. Mas a bela Some Of Us Got Paid, levada somente em violão, steel guitar (um ótimo arranjo de Frederik Zäll, por sinal) e uma percussão quase imperceptível, faz com que o ritmo caia novamente.

Whatever This Town é mais uma com ótimo refrão e boa participação do que, a cada música que passa, se firma como maior paixão da vida de Frederik: a steel guitar. "Whatever this town, makes you think of me / I’ll still be around, when the final bell rings / Whatever this town, makes you think of me / What you see right now is who i am" - a melhor do disco, e uma das melhores do grupo.

Heads Of The Gods aposta na simplicidade, com poucos acordes, percussões econômicas e ótimos backing vocals. Traz também um belo solo de guitarra, que confirma a teoria de que sentimentos não dependem de virtuose ou milhares de técnicas.

Devil Keeps Me Moving traz uma agradável perfomance de Daniel Bellqvist, com seus ótimos falsetes, enquanto When You're Gone, logo na seqüência, remete à Heather Nova na sonoridade, e traz uma das melhores letras do álbum ("When you’re gone I’ll turn the page and start a new / And I’ll burn the book of past and push on thru / Kill the pain inside and fall into / The state I’ve been longing for to stay true"), confirmando o que Daniel chegou declarou anos atrás: "(...) nossa música é a expressão dos nossos sentimentos, e preferimos não misturar as coisas".

As faixas que encerram o álbum, Immortality e Champagne (essa com um melo arranjo de cordas, e implementada por uma breve gaita, que também aparece na anterior), tornam mais clara uma suspeita que pode acompanhar toda a audição do álbum: o que Robert Birming, fez durante o processo de composição? O baterista participa muito pouco do álbum, e, quando o faz, é através de batidas econômicas, ou percussões sutis, quase como se não se importasse em estar no grupo.

Mesmo com algumas belas canções, Eskobar é tão "sete e meio", começa e termina de forma tão discreta que, se você estiver fazendo qualquer outra coisa enquanto o escuta, sequer vai notar quando parar de tocar. É uma pena. Conhecendo os trabalhos anteriores, é fácil perceber que eles podiam render mais do que isso.
Ainda assim, vale a audição. Afinal, esse é o quarto disco de uma banda que, até pouco tempo atrás, em um dos primeiros e mais completos textos sobre ela publicado no Brasil, era citada como "uma das bandas pop de maior qualidade de sua geração".

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Leia: Esse Você Precisa Ouvir: Eskobar, por Jorge Wagner.
Visite: Eskobar: Site Oficial.
Baixe: os três primeiros álbuns.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

vlw JW, aki da pra agente conhecer alem da musica a historias das bandas que você já vinha nos mostrando pelo indie others.


quanto ao eskobar, cara achei o som deles espetacular, vi que tod aquela sua empolgação tinha um fundamento de fato.


abraço ai cara.

2:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

atenção especial, por gentilesa, ao comentario que deixei no post anterior...

2:27 PM  

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